A publicação é editada pelo Serviço Social do Comércio (Sesc/SP)
Reconhecida há décadas como a melhor instituição superior de ensino
do país, a Universidade de São Paulo (USP) vem agora, pouco a pouco,
sendo também referendada como uma das melhores do mundo. Pelo menos é
isso o que respeitáveis entidades dos Estados Unidos, da Europa e da
Ásia têm mostrado, instituições dedicadas a avaliar a qualidade das
universidades em nível global e que tornam públicas suas conclusões
quase sempre na forma de rankings. Só neste ano, a USP já apareceu com
destaque em três cobiçadas listas. Na avaliação da Times Higher
Education (THE), do Reino Unido, ela figura entre as 70 universidades
com melhor reputação no mundo, e é a única representante
latino-americana entre as cem primeiras. A pesquisa da THE ouviu 17.554
acadêmicos e pesquisadores de 137 países. O ranking é liderado pela
Universidade Harvard e pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts
(MIT), ambos dos EUA, e pela britânica Universidade de Cambridge.
Já no Ranking Acadêmico de Universidades do Mundo (ARWU, na sigla em
inglês), elaborado pelo Centro de Universidades de Classe Mundial
(CWCU) e pelo Instituto de Educação Superior da Universidade Jiao Tong,
de Xangai, na China, a USP é apontada, entre 682 instituições de todos
os quadrantes, como a universidade que mais forma doutores no planeta.
Ainda no mesmo ranking chinês ela surge como a terceira colocada na
lista das maiores no montante da verba anual destinada à pesquisa
(entre 637 universidades), a quinta em número de artigos científicos
publicados (entre 1.181) e a 21ª em porcentagem de professores com
doutorado (entre 286). A USP ainda ocupa a 20ª colocação no ranking
mundial que classifica as instituições de ensino superior pela
relevância na internet, o Webometrics, organizado pelo grupo de pesquisa
Cybermetrics Lab, do Conselho Superior de Investigações Científicas da
Espanha, tendo ficado em primeiro lugar entre as latino-americanas.
A impressionante escalada internacional levada a efeito pela
universidade que enche os paulistas de orgulho não é de agora, já tendo
sido registrada em 2011 e 2010. No ano passado, nove cursos da USP
apareceram entre os 200 melhores do mundo na lista da TopUniversities,
seis deles da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas
(FFLCH). E se a Universidade de Xangai colocou a grande escola na 102ª
posição em sua classificação geral, pôs seu curso de medicina na 76ª
posição – o único, entre os brasileiros, a figurar no top 100.
A instituição também fez bonito no ranking de 2010 do SCImago
Institutions Rankings (SIR), que avaliou as atividades de mais de 600
universidades no intervalo compreendido entre 2003 e 2009. A USP foi a
13ª universidade com mais publicações no mundo, totalizando naquele
período mais de 40 mil textos. No ranking 2003-2008, ela havia
publicado quase 38 mil artigos – mais que o dobro da segunda colocada
na América Latina, a Universidade Nacional Autônoma do México (Unam) –,
o que conferiu à USP a 19ª colocação.
Com tanto reconhecimento e visibilidade, não chegou a causar espanto
quando, no início deste ano, a revista americana “Foreign Policy”
recomendou a USP como um destino atraente para pesquisadores e atletas
que não conseguiram aprovação nas universidades mais prestigiadas
daquele país, como a de Harvard e o MIT. No guia constavam somente nove
alternativas internacionais, e a brasileira era a única representante
latino-americana. A lista também incluiu universidades do Canadá, Reino
Unido, Espanha, Suíça, Japão, Hong Kong, África do Sul e Austrália. “A
posição da USP em todos esses rankings mostra que estamos trafegando o
caminho da excelência”, rejubila-se o reitor João Grandino Rodas, à
frente da instituição desde 2010. “Mas sempre há o que melhorar”,
ressalta.
Internacionalização
O mais surpreendente na ascensão da USP no cenário acadêmico mundial é
a rapidez com que isso aconteceu, considerando que, até poucos anos
atrás, a instituição patinava nos últimos postos e era olhada como uma
típica universidade de Terceiro Mundo. No ano passado, a revista
inglesa “The Economist” comentou o destaque obtido pela escola entre as
congêneres dos países pobres, afirmando que, hoje, “nenhuma outra
universidade na região faz frente a ela”. Na opinião do orgulhoso corpo
dirigente da escola, esse reconhecimento não chegou por acaso – muito
menos por favor –, e só parcialmente tem a ver com a inédita expansão
do Brasil no cenário internacional, que, não há como negar, deu maior
visibilidade às instituições de ensino superior do país.
O pró-reitor de Pesquisa da USP, Marco Antonio Zago, entende, por
exemplo, que o avanço da universidade de alguma maneira reflete o
esforço de internacionalização levado a efeito nos últimos anos, com o
crescimento planejado de pesquisas em colaboração com escolas de outros
países e a consequente presença nas páginas de revistas científicas de
renome. A universidade mantém ainda cerca de 600 convênios
internacionais em vigor, e algo como dois ou três novos acordos do
gênero são assinados toda semana.
“Sem essa decisão de dar maior fôlego ao intercâmbio, o
reconhecimento certamente não seria o mesmo”, comenta Zago. “A USP já é
tida como uma parceira e não mais como uma instituição que recorre às
escolas de países desenvolvidos para buscar ajuda. Isso é tão
perceptível que a posição no ranking da THE, embora seja inédita, não é
de modo algum inesperada”, afirma. Ainda segundo Zago, a Universidade
de São Paulo tem também uma longa tradição de valorização da excelência
– condição indispensável para a ascensão na carreira universitária – e
continua a selecionar bem os alunos. Seu vestibular, de fato, está
entre os mais competitivos do Brasil. Cursos como os de engenharia e
medicina costumam ter mais de 50 candidatos por vaga.
A histórica importância da universidade para a cultura, a economia,
as ciências e a política brasileira seriam outros diferenciais. São
dezenas os engenheiros, médicos, cientistas sociais, pesquisadores e
arquitetos de projeção que passaram pelos bancos da USP. Mais de uma
dezena de presidentes brasileiros se formaram ali, a exemplo do
sociólogo Fernando Henrique Cardoso e do advogado Jânio Quadros, que se
graduou na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, daquela
instituição, de onde também saíram 53 formandos que um dia seriam
guindados ao cargo de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). O
pró-reitor de Pós-Graduação, Vahan Agopyan, vai mais além. A seu ver, a
valorização da universidade no plano externo devia ter vindo há muito
tempo, pois a USP tem impressas em seus genes a pesquisa (em seu
sentido amplo, incluindo as áreas de humanidades) e a inovação, assim
como o intercâmbio internacional, importantes critérios de excelência
considerados pelas entidades ranqueadoras.
“A USP foi criada em 1934 por meio do agrupamento de algumas
faculdades já existentes, como as de Agronomia, Direito, Farmácia,
Medicina e a Politécnica, e tinha em mira, desde o início,
transformar-se numa instituição voltada para a pesquisa e o
desenvolvimento do conhecimento”, afirma Agopyan. Segundo ele, essa
linha nunca foi abandonada. Para comprovar isso, Agopyan cita o
expressivo número (em torno de cem, anualmente) de pedidos de registro
de patentes pela USP – uma prática que só se tornou mais comum nas
escolas superiores brasileiras a partir da década de 1990 –, que só a
coloca atrás, no país, da também paulista Universidade Estadual de
Campinas (Unicamp).
Celeiro de mestres
Portanto, trata-se de algo que não começou ontem. Agopyan afirma que,
em 1965, quando foram consolidadas as diretrizes da pós-graduação no
Brasil, a USP tinha um número expressivo de docentes com doutorado. E
ela já se destacava como a universidade que supria, na prática, a
demanda do país por mestres e doutores – cuja ascensão acadêmica
depende fundamentalmente de trabalhos de pesquisa e de inovações dos
mais variados gêneros. “Ainda nas décadas de 1970 e 1980, praticamente
metade dos doutorados no Brasil era obtida na USP, um número que,
apesar de ter encolhido para 20% do total, continua sendo representativo
diante da multiplicação dos cursos universitários no país”, sublinha o
pró-reitor da USP. “Isso permitiu que a universidade se tornasse um
grande centro mundial de pós-graduação”, destaca. A USP conta com um
quadro de quase 23 mil alunos de pós-graduação (de um total de mais de
80 mil estudantes) e, em 2011, titulou 2.192 doutores e 3.376 mestres –
números que se mantêm estáveis há quase duas décadas.
Agopyan salienta a importância da chamada “Missão Francesa” para a
criação da universidade e o progresso que ela tem experimentado.
Composta por professores e intelectuais do porte de Claude
Lévi-Strauss, Roger Bastide e Fernand Braudel, ela ajudou a formatar
vários cursos, como o de história e o de ciências sociais. “Mas não
foram apenas os franceses que ajudaram a USP a se desenvolver. Ainda
nas décadas de 1930 e 1940, lecionaram e pesquisaram na instituição
muitos intelectuais italianos, alemães, poloneses, húngaros e
americanos”, conta o pró-reitor de Pós-Graduação. “Essa tradição nunca
foi interrompida, embora a participação de professores estrangeiros
tenha naturalmente diminuído depois da Segunda Guerra Mundial.”
Ainda de acordo com Agopyan, os professores estrangeiros que pisaram
solo brasileiro em anos de conflitos não beneficiaram apenas a USP, mas
outras instituições de ensino superior do país, já que lecionavam em
vários locais. De qualquer modo, eles acabaram indissociavelmente
ligados à história da USP, que também é mundialmente reconhecida no
circuito acadêmico por causa dessa gênese. Hoje ela é vista como
herdeira de uma tradição universitária de fortes raízes europeias,
ainda que cultivada de um jeito bem brasileiro, que, sem lhe descartar o
vigor, em nada lembra a lendária formalidade das grandes universidades
do Velho Mundo. Formado, no ano passado, pelo Instituto de Matemática e
Estatística (IME), Cássio Antonio da Cunha diz que não se esquecerá
tão cedo do tanto que penou para acompanhar o conteúdo de algumas
disciplinas. “Há professores com níveis de exigência simplesmente
absurdos. Se o aluno faltar a uma aula, não terá como recuperar a
matéria perdida”, conta.
A austeridade associada à informalidade, de qualquer maneira, é do
pleno agrado dos estudantes estrangeiros que cursam a USP, cujo número e
diversidade étnica vêm aumentando e já não se limitam mais aos
tradicionais vizinhos latino-americanos. Entre os mais de 2 mil
estudantes de fora matriculados já é possível encontrar europeus
(principalmente franceses), africanos e asiáticos, a maioria vinda por
meio de intercâmbio. O austríaco Patrick Voller é um deles. Cursando o
mestrado no FH Joanneum – University of Applied Sciences, na cidade de
Graz, na Áustria, ele chegou no começo deste ano para estudar na
Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) da USP. Ele
justifica a escolha pelo fato de o Brasil se constituir, hoje, num
importante mercado emergente, com grande potencial de crescimento.
“Além disso, a USP é a melhor universidade da América Latina. Aqui se
forjam os futuros líderes políticos e econômicos do Brasil”, diz
Voller, que vai ficar no país até o final do ano. Ele sustenta que
sentirá falta dos professores “atenciosos e excelentes”, da vida social e
das famosas festas da USP e do próprio tamanho das instalações e do
campus, com seus espaços poliesportivos e suas amplas áreas verdes.
Gigantismo
Voller não é o único estrangeiro assombrado com o tamanho da
Universidade de São Paulo. De certa forma, os espaços descomunais da
escola a ajudaram também a ganhar pontos nos rankings internacionais,
já que poucas instituições de ensino mundo afora são tão grandes e
oferecem tantos cursos. A USP disponibiliza 229 opções de graduação,
atuando de forma abrangente nas três grandes áreas do conhecimento –
humanidades, ciências biológicas e ciências exatas –, ao contrário da
maioria das universidades do exterior, que normalmente se dedicam a uma
delas.
Assim, não causa espanto seu gigantismo. A USP ultrapassou há tempos
os limites da Cidade Universitária Armando de Salles Oliveira
(homenagem ao político que teve papel fundamental em sua criação, ao
lado do jornalista Júlio de Mesquita Filho), no bairro do Butantã, na
Zona Oeste da cidade de São Paulo. Ela mantém unidades de ensino em
sete cidades do interior – Bauru, Lorena, Piracicaba, Pirassununga,
Ribeirão Preto, São Carlos e São Sebastião – e ficou mais encorpada na
capital paulista com a fundação, na Zona Leste, da Escola de Artes,
Ciências e Humanidades (Each).
Além de 48 unidades de pesquisa e ensino, 29 das quais na cidade de
São Paulo (onde também fica a reitoria), a USP ainda mantém quatro
museus, dois hospitais, um centro de práticas esportivas – o maior da
América Latina – e diversos órgãos especializados voltados
especificamente para a rotina da universidade. Também se vinculam a ela
vários órgãos públicos estaduais que se pautam pelo ensino, pesquisa e
extensão universitária, e alguns parques tecnológicos – uma modalidade
mais avançada de incubadora de empresas.
O mais incrível, porém, é que a USP atingiu esse porte e essa
importância com pouquíssimo dinheiro, na comparação com os valores
investidos por algumas universidades do exterior. A Universidade
Harvard, por exemplo, tem um orçamento anual quase sempre 20 vezes
superior ao da USP e um número total de alunos 60% menor. A USP
desembolsa menos de R$ 40 mil por aluno, montante que em Harvard chega a
quase R$ 3 milhões. Na Universidade de Oxford, na Inglaterra, cuja
comunidade estudantil é 70% inferior à da USP, o investimento em cada
aluno é de R$ 150 mil.
Gratuita, a Universidade de São Paulo é mantida, principalmente, por
dotação orçamentária fixa repassada pelo governo estadual, por meio da
arrecadação do Imposto de Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) –
o que faz da universidade uma das poucas instituições públicas do país
com autonomia financeira. Seu orçamento, nos últimos anos, tem ficado
pouco acima de R$ 2,5 bilhões, o que não é muito para uma escola com
sua expressão, mas o suficiente para livrá-la de problemas mais sérios
no plano financeiro.
O dinheiro de doações – que chegam a responder por um terço do
orçamento de algumas universidades americanas – é insignificante na USP
e, mesmo assim, a ajuda é quase sempre física e não monetária. Os 20
mil livros da “Coleção Brasiliana” doados pelo empresário José Mindlin –
que ocuparão um prédio em fase final de construção no campus do
Butantã – e uma fazenda presenteada à Escola Superior de Agricultura
Luiz de Queiroz (Esalq), de Piracicaba, são as mais recentes doações
físicas de vulto.
A USP recebe também verbas de instituições de fomento à pesquisa e ao
ensino superior, como a Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de
Pessoal de Nível Superior), o CNPq (Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico), a Finep (Financiadora de
Estudos e Projetos) e a Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado
de São Paulo). Esta última repassou à universidade, no ano passado,
algo em torno de R$ 500 milhões. Outra fonte de arrecadação são as
parcerias com fundações privadas, que utilizam pesquisadores e
instalações da USP em troca de verbas e transferências de know-how.
Embora questionadas por alguns críticos – que encaram a ajuda externa
como um processo de privatização (pelo menos parcial) da universidade
–, essas parcerias são comuns na maioria das universidades,
especialmente no hemisfério norte. Elas são vistas pelo atual corpo
dirigente da USP como essenciais não só para o desenvolvimento
tecnológico do país como, também, para proporcionar um mínimo de folga
financeira à instituição, além de representar um passo adiante na
estratégia de ombrear a USP às grandes universidades de fora.
“Produtivismo”, um fator negativo?
Há quem diga que a boa posição da USP no ranking mundial também
deveria ser debitada à lógica “produtivista” que, segundo se afirma,
teria tomado conta da instituição nos últimos anos. Produz-se muito,
mas haveria pouco apoio à pesquisa em áreas desinteressantes para o
mercado, como as ciências humanas. A recente decisão da USP de
implantar um novo regimento de pós-graduação – semelhante ao americano,
e que apressa a produção acadêmica e estreita os sistemas de avaliação
– jogou ainda mais lenha na fogueira.
Não há dúvida de que os tempos mudaram, e a USP também se
transformou. O professor Adriano Biava, da Faculdade de Economia,
Administração e Contabilidade (FEA), diz que é notório que a concepção
neoliberal de “Estado limitado” teve reflexos na universidade, desde os
anos 80 do século passado.
“Teme-se um viés mais teórico”, comenta Biava. Ele observa que “os
egressos da FEA, hoje, se destacam pela forte formação quantitativista,
que os credencia mais para o mercado financeiro, na atualidade o maior
absorvedor de formandos, do que para outras áreas”.
A USP não abriu mão de manter em sua grade disciplinas que poderiam
ser consideradas de erudição desconcertante, e para muitos de utilidade
duvidosa. A professora Patricia Carvalhinhos, que coordena a
tradicional área de línguas indígenas do Brasil no Departamento de
Letras Clássicas e Vernáculas da Faculdade de Filosofia, Letras e
Ciências Humanas (FFLCH), observa que tem decrescido o número de alunos
que procuram certas disciplinas não obrigatórias, como a Toponímia
(estudo linguístico ou histórico do nome próprio de lugares, sua origem
e evolução), mas garante que o interesse continua. “Muitos alunos vêm
para a universidade cursar a disciplina por indicação de colegas, e não
se arrependem”, afirma. Patricia completa dizendo que, além de ser
bastante útil, pois a toponímia indígena está em toda parte no Brasil,
“a disciplina cativa, principalmente, pelo encanto que gera e pelos
conhecimentos geográficos, históricos e culturais que dissemina”.
Mestre e doutor, títulos cobiçados
Uma parcela dos estudantes deseja se formar e, depois, utilizar a
fama da USP para, já fora dela, arranjar um bom emprego. São muitos,
porém, aqueles que também dão prosseguimento aos estudos, fazendo
mestrado e doutorado, tanto que, apenas em 2011, mais de 5 mil alunos
se formaram nesses dois graus.
Bruna Soares Polachin, por exemplo, graduou-se pela USP em letras
(com habilitação em português e linguística) em 2010 e completará o
mestrado no Programa de Semiótica e Linguística Geral no segundo
semestre de 2013. “Pretendo fazer doutorado, também, mas minha
prioridade é me desligar um pouco da USP e sair à procura de outras
experiências”, diz. Bruna relata que seu propósito é o “doutorado
sanduíche”, isto é, metade do curso concluído na USP e metade em uma
universidade fora do Brasil. Ou, então, se possível, tirar o diploma
estudando apenas no exterior.
Bruna quer seguir carreira universitária, dando aulas, e acredita que
o fato de ter estudado na maior instituição de ensino superior do país
facilitará, e muito, esse projeto, principalmente porque um dos focos
da universidade é a pesquisa. “Na USP, desde o primeiro ano há diversos
tipos de programas de iniciação científica, além de vários grupos de
pesquisa dos quais os alunos podem fazer parte”, afirma.
Já Cleonice Demarchi, que fez o curso de direito entre 1987 e 1991,
ingressou na USP porque buscava não apenas a teoria, mas também a
prática da advocacia. Formada em ciências sociais por outra
universidade, um curso mais direcionado para a carreira acadêmica,
Cleonice sente que acertou porque logrou êxito naquilo que buscava. “Na
Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, os professores são,
aqui fora, juízes, desembargadores e advogados militantes, além de
doutrinadores com obras publicadas”, acentua. “E uma parcela
significativa dos alunos começa a fazer estágio já a partir do segundo
ano de curso”, ela salienta.
Antes mesmo de concluir o curso, Cleonice foi convidada para o
programa de trainees de um grande banco. Depois de formada, montou um
escritório com ex-colegas de faculdade e candidatou-se ao cargo de
advogada do Banco do Brasil. Conseguiu o emprego. “O fato de eu ter me
formado na São Francisco pesou bastante”, afirma. “Aliás, muitos
advogados do Banco do Brasil que conheci naquela época também haviam
estudado na USP”, finaliza.
(Revista Problemas Brasileiros, edição julho/agosto 2012)
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